O Secretário de Estado de Meio Ambiente do Pará, José Colares, quando esteve em Itaituba durante três dias, foi entrevistado por este blog e falou sobre o Decreto nº 714/2013 que trata da questão ambiental sobre garimpagem na Região do Tapajós com uso de dragas e PCs, a proibição de garimpagem nos tributários do Rio Tapajós e a liberação de Licenças Ambientais.
Blog-Dr. Colares, qual o objetivo do Decreto nº 714/2013?
(Secretário José
Colares)
Resposta Dr. Colares: O
Decreto foi editado para organizar a garimpagem no Estado do Pará, mais
precisamente na Região do Rio Tapajós. O
Decreto não está fechando garimpo como vem sendo propalado. O Decreto proíbe
apenas o licenciamento ambiental para garimpagem nos leitos e margens dos
tributários diretos e indiretos do Rio Tapajós, o que já é proibido pelo Código Florestal. O que
ocorreu foi uma má interpretação e digo, até uma má fé, de algumas pessoas que
distorceram o objetivo do Decreto e passaram a utilizá-lo como instrumento para
promoção política, acusando que o Governo do Estado estava fechando os garimpos
do Tapajós.
Blog – Ainda sobre o
Decreto, o que o senhor tem a dizer?
Resposta –Dr.Colares: O
Decreto não foi elaborado da minha cabeça ou da cabeça do Governador. O Decreto
foi discutido aqui em Itaituba, durante uma semana, no mês de fevereiro, quando
fizemos várias reuniões com as autoridades e representantes da classe
garimpeira. Foi elaborada uma minuta para então ser editado o DECRETO. Não
adianta agora alguém querer criticar o Estado, pois o Decreto foi elaborado com
a opinião de todos, é produto de um pacto firmado com a sociedade local,
conforme temos aqui (mostrou acordo assinado por autoridades e representantes da
classe garimpeira, no qual contém a proibição que consta no
Decreto).
Blog –Depois desta
Audiência Pública, esta esclarecido tudo sobre o
Decreto?
Resposta –Dr. Colares:
Acredito que sim. Apesar de na Audiência Pública ter ocorrido muitos discursos
políticos, mas esclarecemos a todos que o Decreto não fecha os garimpos. Volto a
dizer, utilizaram equivocadanebte o Decreto para fazer promoção política em um
momento inoportuno, em que o que deveria se preocupar, com seriedade, era em
tirar as duvidas da classe garimpeira e da sociedade da Região do
Tapajós.
Blog – Qual será o
próximo passo, depois da publicação do
Decreto?
Resposta -Dr. Colares:
Ontem (Sábado, dia 04/05/13) reunimos na Câmara de Vereadores com as autoridades
municipais de Itaituba e dos municípios da região, juntamente com os
representantes de varias cooperativas de garimpeiros para discutirmos a minuta
da Instrução Normativa que estabelecerá os critérios específicos para o
licenciamento ambiental da atividade garimpeira. Esta normativa vai direcionar a
organização da garimpagem na região do Vale do Tapajós. Por exemplo, fechamos um
compromisso com os municípios, que o Estado só vai liberar as licenças
ambientais depois que as cooperativas, as empresas que estão trabalhando na
região derem a contrapartida social para os municípios. Esta é uma maneira de
compensar os municípios de onde está saindo o ouro. Eles terão que ajudar no
social estes municípios, e estes terão a responsabilidade de fiscalizar a
atividade garimpeira em seu território, em uma gestão ambiental compartilhada
com o Estado.
Blog – Esta normativa
vai ser editada quando?
Resposta Dr. Colares:
Retorno a Belém hoje, Domingo, e esta semana começo a trabalhar com a nossa
equipe. Quando estiver pronta a minuta desta Instrução Normativa volto a
Itaituba para reunirmos com as autoridades da região e os garimpeiros para
apresentarmos este documento para depois de aprovado ser
editado.
Blog – O que o senhor
destaca nesta Normativa?
Resposta Dr. Colares:
Entre o que podemos destacar, temos a questão do destino do lixo, o controle do uso do mercúrio, dos banheiros
ecológicos, das barracas cobertas de lonas, o uso de mosqueteiros, o consumo de
água potável, o reaproveitamento do óleo queimado, que não pode ser derramado no
Rio ou nos baixões. Outro ponto importante desta normativa é que os donos de
dragas e de garimpos terão de apresentar as notas fiscais da venda do ouro na
região, comprar o combustível e gêneros alimentícios na região. Tudo para
desenvolver esta atividade deve ser comprado no município onde está trabalhando.
É uma maneira de valorizar o local que está produzindo, evitando a saída do ouro
e até que venha de fora o que se consome
aqui.
Blog – Estes itens já
foram discutidos aqui?
Resposta Dr. Colares: No
sábado, passamos quase 8 horas reunidos na Câmara para exatamente discutirmos a
minuta desta Instrução Normativa. Tudo o que contém nesta minuta foi aprovado e
assinado pelas autoridades públicas e pela classe garimpeira, foi construída
conjuntamente e é o pacto do Estado com os garimpeiros para a legalização da
atividade. Espero que não haja depois, uma má interpretação ou nossa Instrução
Normativa não seja usada para alguém fazer
política.
Blog – Porque hoje a
SEMA demora a liberar as Licenças
Ambientais?
Resposta- Dr. Colares: A demora na
liberação destas LICENÇAS ocorre por vários motivos. Primeiro tem a parte
técnica, que devido o montante de processos que tramitam na SEMA a analise é
cautelosa e demorada. Mas o maior problema que causa a demora é a falta de
alguma peça, informação, algum detalhe. Isto atrapalha bastante. Temos que
notificar o responsável pelo processo para que resolva as pendências e isto leva
tempo para ser sanado, por isso a demora na liberação das licenças. Mesmo assim,
posso dizer que temos feito de tudo para liberar o quanto antes estas licenças.
No ano passado, de 2.970 processos que tramitaram na SEMA, 970 estão parados com
pendências. O restante liberamos suas licenças para diversas
atividades.
Blog – E agora depois do
Decreto, como fica a garimpagem na Região do Rio
Tapajós?
Resposta Dr. Colares:
Está proibida a garimpagem nos leitos e margens dos afluentes diretos e
indiretos do Rio Tapajós com uso de bico jato, PCs, dragas, balsinhas ou
qualquer outro equipamento. Com relação a garimpagem na região do Rio Tapajós,
vamos editar a Instrução Normativa para
organizar esta atividade. Entretanto, com relação a quantidade de dragas que vão
trabalhar no Rio Tapajós, hoje , segundo nosso levantamento, existem 60 dragas,
e mais 9 que chegaram estes dias
perfazendo agora 69 dragas.Vamos aguardar o estudo que será realizado pelos
técnicos da UFOPA para sabermos quantas dragas serão permitidas trabalharem no
Rio Tapajós, no trecho de Jacareacanga até o Buburé. O trabalho de garimpagem
nos baixões será legalizado sem problema, inclusive com uso adequado de PCs, mas
primeiro vamos editar a Instrução Normativa, que vai organizar a garimpagem em
toda a região do Tapajós.
Desde que assumi a
cadeira de Secretário de Estado de Meio Ambiente, percorro todo o Estado para
tratar de forma próxima e séria as preocupações e anseios das comunidades com o
meio ambiente e com as questões sociais envolvidas na gestão ambiental e
voltarei tantas quantas vezes forem necessárias. Todo este trabalho desenvolvido
demonstra a presença do Governo do Estado nos quatro cantos do Pará, e com a
região do Tapajós na seria diferente, só em Itaituba, já é a quinta vez, em
menos de um ano, que venho à região para tratar de assuntos relacionados à vida
da população local, como a questão dos portos e da garimpagem. O Governo do
Estado sempre está disposto a dialogar para construção conjunta do pacto por uma
sociedade mais justa e comprometida com as questões ambientais e
sociais.
Fonte: Blog do Peninha
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