A atividade foi parte
da Jornada Nacional de Lutas contra as barragens, pelos rios, pela água e pela vida. Cerca de 100 pessoas
organizadas no Movimento dos Atingidos por Barragens (MAB) participaram do
Seminário Barragens no Tapajós: desenvolvimento para quê e para quem? realizado
nesta segunda e terça-feira (11 e 12) na cidade de Itaituba, oeste do Pará.
Entre
os participantes estavam moradores de comunidades ameaçadas, representantes dos
pescadores, do movimento de mulheres e do Sindicato dos Trabalhadores Rurais da
cidade de Trairão, do Sindicato dos Trabalhadores Rurais de Itaituba, da
Comissão Pastoral da Terra, da Pastoral da Juventude, além de membros do povo
indígena Munduruku.
Durante o Seminário, os participantes debateram as falsas promessas anunciadas em torno da possível construção de cinco barragens nos rios Tapajós e Jamanxim, incluindo as hidrelétricas de Jatobá e São Luiz do Tapajós, que poderão alagar uma superfície de terra superior a cidade de São Paulo. Na oportunidade, os presentes reafirmaram o compromisso com a preservação da natureza, a manutenção do modo de vida das populações ribeirinhas, o direito dos povos indígenas e o respeito aos seus locais sagrados que poderão desaparecer caso as obras sejam feitas.
“O MAB é contra a
construção das hidrelétricas na bacia do rio Tapajós porque, além de causarem
uma imensa destruição ambiental e um incalculável prejuízo para os povos
indígenas, elas não estarão à serviço da população e sim para atender uma
demanda das grandes empresas construtoras de barragens”, afirma Thiago Alves,
membro da direção estadual do MAB. O mesmo ainda ressalta que “as hidrelétricas
no Tapajós faz parte de um pacote de grandes empreendimentos, que incluem
portos, hidrovias e, principalmente, o avanço da soja na região”.
Para José Odair Pereira
Matos, presidente da comunidade ameaçada de Pimental e militante do MAB “é
importante resistir as barragens porque é necessário preservar nossa história, o nosso modo de vida
ribeirinho, a tranquilidade em que vivemos, enfim, tudo que estas obras vão
destruir se forem feitas. É necessário fortalecer a organização e buscar um
outro desenvolvimento”. Para Odair é também preciso contestar os estudos
prévios que estão em andamento “que ignoram uma grande quantidade de pessoas
que dependem do rio e da terra para sobreviver e que ficarão sem isso caso as
barragens saiamm do papel”, afirma.
Manifestação
diz NÃO as barragens no Tapajós: Como parte das
atividades do Seminário, os participantes fizeram uma intervenção na seção
ordinária da Câmara Municipal de Itaituba com o objetivo de divulgar o debate
realizado. Depois de muita pressão contra a mesa diretora que queria dificultar
o acesso dos manifestantes a tribuna, os militantes utilizaram o tempo
conquistado para denunciar a violação de direitos por parte das empresas que
querem fazer as barragens, falar em defesa das comunidades tradicionais e dos
povos indígenas e reafirmar que é preciso exercer o direito de dizer NÃO às
barragens e lutar por outro modelo de desenvolvimento sem hidrelétricas.
Entre os muitos que
falaram na tribuna esteve Juarez Saw, cacique da Aldeia Sawre Muy Bu, que falou
em nome do povo Munduruku afirmando que “do alto ao baixo Tapajós seu povo diz
não a construção de barragens e que estão dispostos a entrar em guerra para
defender nosso território”. Para ele é preciso também fortalecer a parceria com
outras entidades “para a resistência ficar mais forte”.
Para Cleidiane Santos,
da coordenação nacional do MAB, este foi um importante momento de mobilização e
luta contra estes grandes projetos na região. “Queremos reunir a população do
campo e da cidade em toda a região para fazer a resistência e construir
coletivamente uma alternativa a este desenvolvimento que vem com muitas
promessas e no final deixa apenas um rastro de destruição e de riqueza para
poucos. Hoje foi apenas mais um passo na luta do povo que crescerá a cada dia”,
afirmou.
Fotos: Junior Ribeiro...
Texto: Extraído do Blog: http://andrepaxiuba.blogspot.com.br/
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