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Os 73 estudantes detidos na madrugada desta terça-feira (8) por não cumprir a determinação judicial de deixar a reitoria da Universidade de São Paulo (USP) serão indiciados por dano ao patrimônio público e desobediência à ordem da Justiça.

Eles também serão responsabilizados por dano ambiental devido às pichações feitas nas paredes do prédio. Todos deverão passar por exame de corpo de delito. O delegado seccional Dejair Rodrigues afirmou que eles só poderão deixar 91º DP (Ceasa) após pagamento de fiança de R$ 1050 por aluno. Segundo Rodrigues, cada um dos detidos terá situação financeira avaliada pela autoridade policial para, se for o caso, arbitrar um valor compatível.
Os estudantes também serão investigados pela polícia por formação de quadrilha. De acordo com Rodrigues, a polícia esteve no prédio da reitoria e constatou que as câmeras de segurança e portas foram destruídas e paredes estão pichadas. O edifício foi invadido por alunos contrários à presença da PM na Cidade Universitária, na capital paulista, desde o dia 2.
Alunos da USP estavam dormindo e foram pegos de surpresa, diz PMFaculdade da USP suspende aulas após desocupação da reitoriaApós assembleia, estudantes decidem manter ocupação na USPJustiça dá 24 horas para alunos deixarem reitoria da USPEm vistoria no prédio da reitoria, a PM informou ter encontrado sete garrafas de coquetel molotov em uma das salas, seis caixas de morteiros e um galão de gasolina.
A reintegração: A reintegração de posse começou no fim da madrugada após os estudantes definirem em assembleia na noite de segunda que não cumpririam uma decisão judicial para deixar a reitoria no prazo estipulado. As equipes do 2º Batalhão de Polícia de Choque (BP Choque) deixaram o quartel da corporação, na região da Luz, Centro de São Paulo, por volta das 4h30 e chegaram 40 minutos depois à Cidade Universitária. Eles arrombaram portas do prédio da reitoria. Um grupo de estudantes gritava palavras de ordem contra a presença da PM no campus e houve correria de manifestantes. A Polícia Militar usou dois helicópteros Águia para acompanhar a reintegração de posse.
Após a reintegração, alunos favoráveis ao movimento tentaram bloquear com mesas e cadeiras as entradas de outro prédio da USP. Desta vez, o alvo do protesto foi no curso de Letras. Houve um princípio de tumulto envolvendo universitários que desejavam entrar para acompanhar as aulas. Após a confusão, a faculdade decidiu suspender as atividades nesta terça. Por volta das 11h, o Batalhão de Choque continuava posicionado em toda a Cidade Universitária, onde deve permanecer até que a desocupação seja concluída.
"A ação do Choque permanece até concluir a desocupação. Depois, a perícia chegar, ver quais foram os danos e terminar toda a operação. Aí continua o policiamento diário [no campus]”, informou a coronel Maria Yamamoto, porta-voz da PM. Cerca de 400 homens e 50 carros da corporação estavam no campus pouco antes das 7h.
Segundo a coronel Maria Yamamoto, não houve enfrentamento. "Eles [alunos] foram pegos de surpresa, não tiveram nenhuma reação, não houve o uso de nenhum tipo de arma. A chegada foi silenciosa. Em menos de dez minutos, o prédio já estava ocupado e eles, contidos”, explicou. "A polícia chegou, conteve os estudantes, os levou para o lado de fora e em seguida voltou com eles para dentro do prédio para que fossem revistados", completou a policial.
Maus-tratos: Domenico Colacicco, um dos diretores do Sindicato dos Trabalhadores da USP (Sintusp), disse à imprensa que os alunos detidos estão sendo maltratados. Segundo o Sintusp, os alunos não podem sair dos ônibus, estão sem direito à água, não podem ir ao banheiro. Os celulares deles foram confiscados. Alguns membros do sindicato classificam o tratamento com “tortura”.
O que diz a defesa dos alunos: Felipe Gomes da Silva Vasconcelos, um dos advogados dos estudantes que ocuparam a reitoria, considerou “arbitrária” a ação da PM. Segundo ele, ocorreu “militarização e ocupação de toda a USP”. O advogado informou que soube que alguns estudantes que foram presos, na biblioteca e na faculdade de arquitetura da USP, antes mesmo da retirada dos demais manifestantes da reitoria.
Ele classifica os detidos como “presos políticos”, porque a ocupação teve caráter político e foi “uma manifestação que sempre se buscou o diálogo”. Vasconcelos declarou que vai estudar medida contra a retirada dos estudantes da reitoria. Ele afirmou que também pretende estudar uma possibilidade de fazer com que o campus não permaneça vigiado pela Polícia Militar.
Reforço no policiamento: O porta-voz da Polícia Militar, major Marcel Soffner, afirmou nesta terça que o policiamento no campus da USP será reforçado em virtude dos últimos acontecimementos. O número de carros e policiais, no entanto, não será informado por questões estratégicas.

Fonte: G1

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